NÃO DIZIA PALAVRAS
Não dizia palavras
Aproximava só um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
A angústia abre caminho entre os ossos
Sobe pelas veias
Até abrir-se na pele,
Jorros de sonho
Feitos carne em interrogação às nuvens.
Um toque ao passar,
Um olhar fugidio no meio das sombra,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si um corpo que sonha;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor; iguais em desejo.
Embora só seja uma esperança
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.
Luis Cernuda, in "os prazeres proibidos" ariadne (2003)
imagem de Lorenzo Mattotti
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5 comentários:
este poema é tão mas tão bonito:)
é um dos meus poemas preferidos.
magnifico.. como todos os q vais deixando por aki..
dá um salto ao férias, please..
:)
au revoir
maravilhoso. apetecia-me colá-lo integralmente no meu caderninho (blog). para o ter mais à mão.
mesmo tão bonito
Cernuda é mesmo maravilhoso..., não há muita coisa dele no nosso mercado, uma antologia na cotovia e esta edição de bolso muito baratinha, é pena...
Aitb tenho andado quase de férias ao blog, os livros e os filmes para ler e ver são cada vez mais, e o tempo não tem dado para tudo...
Angi, essa ideia é muito boa, ele está aqui mesmo para isso, para poderes fazer com ele o que quiseres... ;)
foi com um sorriso que descobri este blog, incrivel, incrivel. Enculturar, aculturar, é sempre o primeiro passo. Para quê?
Não sei. Mas o saber, é tudo o que me ocupa.
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