FLAUBERT
Excelentíssima madame, eis que primeiro vou descrever o seu esplendoroso vestido e logo a seguir, sim, a despirei com toda a ansiedade possível.
Belo programa, meu bom senhor. Mas essa primeira parte, não poderá saltar-se?
Excelentíssima madame, eu sou um escritor, não sou um fornicador.
Oh, meu bom senhor, que pena.
Gonçalo M. Tavares, in "Biblioteca" campo das letras, 2004
8 comentários:
excelente, não conhecia esse texto de flaubert
maria
Às vezes, lá calha...
Maravilhoso
CR
Convenhamos que o Flaubert merece estes "mimos". Lembro o que dele disse o saudoso Francisco Umbral, no delicioso «E como eram as ligas de Madame Bovary?», também editado pela Campo das Letras. Discorre-se assim:
«o autor, que me lembre, nunca nos diz, ao longo de todo o romance, como eram as ligas de Madame Bovary, uma heroína que cria com primor, vagar, minúcia e amor (…) em Baudelaire, teriam sido uma coisa verde ou vermelha ou negra, violenta e pecaminosa. As ligas da adúltera flaubertiana, em Proust, teriam sido paisagens de Veneza (…) se a Bovary tem algo de Louise, a amante à distancia do escritor, mas aquilo que Flaubert faz a Louise é mais do que suficiente para que uma mulher se enforque com as ligas. (…) Como o provinciano e piorreico Flaubert não tinha muita experiência de mulheres, temos de supor que muitas das coisas que atribui a Emma as terá ido buscar a Louise (…) Quanto às ligas de Louise, que foi mulher de verdade, tememos, ai!, que fossem umas ligas tristes, de alívio de luto, as ligas frouxas de que descaem as ligas de esperar o amante.» p.p. 46, 47, 48
Teresa Sá Couto
Teresa, estamos em sintonia… tenho andado a reler este maravilhoso livro que o Francisco Umbral nos deixou, é um livro ao qual volto muitas vezes.
obrigado pela visita e pelo comentário.
H.M.C.
Excelente este espaço que não conhecia até agora. Já lhe devem ter dados os parabens muitas vezes, mas não faz mal repetir. Biblioteca a céu aberto...
muito bom=)
gostei pacas!
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