«EHEU!»
Aqui, junto ao mar latino,
digo a verdade:
Sinto em rocha, azeite e vinho,
a minha antiguidade.
Oh, que velho sou, Deus meu;
oh, que velho sou!…
Donde vem o meu canto?
E eu, para onde vou?
Conhecer-me a mim próprio
já me vai custando
muitos momentos de abismo
e o como e o quando…
E esta claridade latina,
de que me serviu
à entrada da mina
do eu e do não eu?…
Nefelibata contente,
julgo interpretar
as confidências do vento,
da terra e do mar
Umas vagas confidências
do ser e do não ser,
e fragmentos de consciências
de agora e de ontem.
Como no meio de um deserto
pus-me a clamar;
e vi o sol morto
e pus-me a chorar.
Rubén Darío, in "O mar na poesia da América Latina" assírio & alvim 1999
trad. José Agostinho Baptista
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