Não há remissão para este pecado:
o cheiro da prostituta acordou o homem.
Enojado, o homem pagou e levantou-se.
Ela fechou as pernas e o jardim e riu-se.
O homem procurara ali,
o cheiro da carne certa em vão:
as axilas envinagradas;
o guisado atrás dos lóbulos;
a dobrada das virilhas;
o coalho matinal da saliva parada pela noite.
Aquilo tudo que tanto o excitava na mulher que em casa o recusava.
De narinas asfixiadas, o homem fechou a porta atrás de si.
Não há remissão para este pecado:
Tanto mel, canela, amoras e jasmim.

Sandro William Junqueira
imagem de Gottfried Helnwein

2 comentários:

aquelabruxa disse...

outra bica a meu gosto.

Menina Limão disse...

parece um senhor monge às portas do Paraíso.

(bem sei que não é um monge, mas pelo menos acertei no paraíso)


(que raio de poema)