"No sábado à noite convidaram-me para uma festa na casa de um colega de trabalho. Éramos cerca de trinta técnicos entre os vinte e os quarenta anos. De um momento para o outro uma idiota começou a despir-se. Desfez-se da t-shirt, tirou o soutien, em seguida tirou a saia, ao mesmo tempo que fazia poses incríveis. Pavoneou-se um pouco em cuecas e em seguida começou a vestir-se tendo percebido que não havia mais nada para mostrar. No entanto é o tipo de rapariga que não se deita com qualquer um. O que sublinha o seu comportamento absurdo."
E assim começa o primeiro parágrafo daquele que é o primeiro romance de Michel Houellebecq, Extensão do domínio da luta, escrito em 1994 e agora editado para o nosso português pelas edições Quasi. Baseado no caos da vida contemporânea, o livro aborda o tema da subjectividade do indevido numa sociedade dominada pelo poder monetário, onde a banalidade dos materiais supera e preenche a falta das relações humanas, e onde o capitalismo e a pobreza existencial são o pano de fundo neste romance-ensaio que Houellebecq faz questão de baptizar como um romance da aprendizagem do desgosto.
Escrito com uma faca nos dentes, aliás, como o autor bem gosta de o fazer, não se poupando à provocação e à ironia, por vezes sendo mesmo excessivo, um livro obrigatório.

p.s. não recomendado a senhoras(es) mais sensíveis :)

Michel Houellebecq "extensão do domínio da luta" ed. quasi
tradução de Paula Lourenço

3 comentários:

magarça disse...

Muito tenho lido sobre Michael Houellebecq, mas ainda não me decidi a ler nenhum livro dele. Talvez comece por este...

miguel. disse...

é verdade... só aqui já se falou muito sobre ele, sou um grande admirador da sua obra, é um escritor que recomendo, principalmente aquele que considero o seu melhor livro " As particulas elementares " temas & debates.

magarça disse...

Obrigada pela sugestão.