Mesmo se algum dia acontecer
nalgum vulgar encontro, ver-me morto,
decerto saberei como nascer
de novo, ser planta e animal
e breve sopro, às vezes, no teu rosto.
Pelo caminho cego da floresta
virei ao pátio, à fonte debruçada,
ao modesto esplendor da jovem faia;
e terei, para dar-te, o riso claro
da vida que não cessa de perder-se.
Pousado o coração dentro do peito,
feito artista da cor, puro fantasma,
na ardósia a giz desenharei um nome
como quem traça um circulo perfeito.

António Franco Alexandre in. "duende"

2 comentários:

margarete disse...

vim cá parar através de um comentário teu na lebre, faço meu (aqui) o comentário que deixaste (lá)
:)

magarça disse...

O duende é o meu livro de cabeceira. A imagem que acompnha este poema é linda.