Invisível não é só o que ainda não está visível, é também o que nunca será visível mas cuja posição pode ser contornada perfeitamente pelos limites do visível, como o cheio e o vazio num todo, isto é: o invisível é a descoberta feita pelo visível.
No olhado primeiro, anterior a visto, no ingénuo, o visível e o invisível estão confundidos um com o outro, e se a sabedoria reflectida do visto os distingue, isto não é ainda tudo, falta ainda o que o ingénuo, tal qual, seja levado a fim, que não fique vencido e convencido pelo exacto do visível que o ultrapasse e entre nas contas onde o visível e o invisível são um e o mesmo, como quando chegámos pela primeira vez à Natureza, ingénuos: com a sabedoria sagrada que não prevê a sabedoria reflectida por não a necessitar.
Sabedoria reflectida porque nela a Luz é a Sabedoria mesma, a sagrada, esta que cada pessoa recebe inteira e unicamente pela sua legítima ingenuidade, precisamente a que tem olhos e não vê, a que tem ouvidos e não ouve.

Almada Negreiros

1 comentário:

Anónimo disse...

Almada, poeta futurista e tudo...
não fosse um mais um igual a um.

"Foram vocês que me fizeram isto"

ALMADA