AS PESSOAS SENSÍVEIS

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
Porque cheira a pobre cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheiros de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem


Sophia de Mello Breyner Andresen, in "A perspectiva da morte: 20 (-2) Poetas portugueses do séc XX ] assírio & alvim, 2009
org. Manuel de Freitas
foto. Fernando Lemos

7 comentários:

le monde de zuza disse...

é o meu poema preferido da sophia de mello breyner, é lindo este poema

fallorca disse...

Sophia: a herança da Grécia

rogerio tadeu ferreira disse...

linda poesia vc queé responsável pelo blog se gostar muito de ler poemashttp://rogeriotadeuferreira.zip.net/ se quiser visitar ficarei grato adicionei o seu a minha lista

antónio davage disse...

Perdoai-lhes Senhor...

audrey disse...

adorei-A...................


adoro-A..

Rodrigo disse...

Belo achado para mim este teu blog... reuniao de pérolas malditas.

Ana Carolina disse...

Gostei muito da poesia, não a conhecia... obrigada por apresentá-la...

Gosto muito dos seus blogs!

Abraços.