DE UM ANÓNIMO, PESCADOR À LINHA

Quando olho Lisboa, da Trafaria,
Ao entardecer com os navios parados,
Dá-me um fanico na fotografia
Que dela tenho sob as sardinheiras
Da minha infância na Graça.

Fico assim parado, no rodapé da alma,
Como se lesse, ao mesmo tempo dois poetas,
E fico na dúvida se estou a olhar Lisboa
ou se ela, como eu, lê selectas.

(É o vinho que faz ver dois, é certo,
mais o bagaço na taberna da Maluca.
Vai pelo mundo um desconcerto
Que co a lírica debaixo do braço
Vou a correr para a baiuca).


Nunes da Rocha, in "Cancioneiro da Trafaria" & etc, 2009

6 comentários:

fallorca disse...

Recuperou do choque, agora aturem-no :)

Ana Cristina Leonardo disse...

de vez em quando é com cada vendaval!!!

That's me .... now what? disse...

Olha quem voltou qual fenix renascido das cinzas... :)
Miss ya!

margarete disse...

ena! já ligaste a ficha outra vez!
:) iupii!

fallorca disse...

Acho que continua nalguma tasca da Trafaria, a aviar copinhos de 3 e a penser nos próximos posts

miguel. disse...

já liguei a ficha mas a coisa ainda não anda a 100%... são as válvulas :)

não estou na trafaria mas andei lá perto... ;) e uns copitos até que calhavam bem... para alegrar...
tenho andado aborrecido com esta treta do novo mercado livreiro... esta vida de operário livreiro está a dar cabo de mim... nem tenho tido tempo nem cabeça para ler o que quer que seja...
mas com calma a coisa volta lá...