SIDI AMAR NO INVERNO

Penso que nunca vi o teu rosto
Num dia de chuva, quando as sombrias artérias do céu
Pulsam junto às árvores, e no teu coração
A água corre. Nunca te vi chorar
Com o monólogo da noite, com a tua mente resistindo ao silêncio.

Chegará o dia em que as linhas do céu
Se desprenderão das torres
E em que tu, que tremes pela noite
Partirás para os lugares sombrios ao lado de um desconhecido.


Paul Bowles, in "Poemas" assírio & alvim, 2008
trad. José Agostinho Baptista

4 comentários:

Catarina Barros disse...

O livro anda por lá, nunca lhe prestei atenção. Ou talvez não ande, se calhar a vendedora mostrou-mo e não cheguei a recebê-lo. Não sei, não importa. Este poema comoveu-me. Estupidamente.
Gosto tanto do teu blogue.*

miguel. disse...

Olá Catarina, deverias procurar o livro e ler e reler alguns dos poemas, embora Bowles não tenha sido propriamente um Beat nem tão pouco um poeta, este livro tem marcas de ambos... eu cada vez que gosto mais deste livro...
obrigado pelo comentário e claro, pela apreciação

:)

magarça disse...

Também passei ao lado deste livro, desconfiada. Este poema convenceu-me a levá-lo de ferias.

mar disse...

as horas que eu passo aqui,
óóó miguel...

(sempre...para frente e para tráz... e depois outra vez e mais outra)

é tão bom
estar aqui :)


obrigada
mais esta vez