«(…). Também conheço os prédios. Quando vou pela rua, cada um deles como quem me ultrapassa a correr para se virar e olhar para mim, com as janelas bem abertas, e só lhe falta dizer: «Bom dia, como está? Eu também estou bem, graças a Deus, em Maio vão acrescentar-me um andar» Ou: «Então, como passa? Quanto a mim, amanhã vou para obras.» Ou: «Por pouco não ardi todo, apanhei cá um susto», e assim por diante. Entre eles, tenho os meus favoritos, tenho os meus amigos íntimos também; um deles planeia tratar-se, neste Verão, num arquitecto qualquer. Vou todos os dias visitá-lo, expressamente, não lhe faça ainda pior o tratamento, Deus o guarde!…(…).»

Fiódor Dostoiévski, in "Noites Brancas" assírio & alvim, 2001
trad. Nina Guerra e Filipe Guerra

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