[ La Capitale de la Douleur ]



A tua voz, os teu olhos,
as tuas mãos, os teus lábios.
O nosso silêncio, as nossas palavras.
A luz que desaparece,
a luz que regressa.

Um único sorriso para os dois.
Por precisar de saber,
vi a noite criar o dia
sem que mudássemos de aparência.

Ó bem amado por todos e bem amado por um.
Em silêncio, a tua boca prometeu ser feliz.
"Afasta-te, afasta-te", diz o ódio.
"Aproxima-te mais", diz o amor.

Pelas nossas carícias, saímos da infância.
Vejo cada vez melhor a forma humana.
Como um diálogo entre amantes,
o coração só tem uma boca.

Tudo é ao acaso.
Todas as palavras são espontâneas.
Os sentimentos à deriva.
Os homens vagueiam pela cidade.

O olhar, a palavra.
E o facto de eu te amar.

Tudo está em movimento.
Basta avançar para viver,
seguir em frente, em direcção a tudo o que amamos.

Ia na tua direcção, seguia sem parar em direcção à luz.
Se sorris, é para melhor me envolveres.
Os teus braços luminosos entreabrem o nevoeiro.


Paul Éluard

2 comentários:

stamina disse...

bonito.

mto.

ana salomé disse...

PERFEITO*