REMORSO EM TRAJE DE NOITE

Um homem cinzento pela rua de névoa
Ninguém o suspeita. É um corpo vazio;
Vazio como uma planície, como o mar, como o vento
Desertos tão amargos sob um céu implacável

É o tempo passado, e suas asas agora
Entre a sombra encontram uma pálida força;
É o remorso, que de noite, duvidando,
Em segredo aproxima a sua sombra descuidada.

Não estreites essa mão. A hera altivamente
Ascenderá cobrindo os troncos do inverno.
Invisível na calma o homem cinzento caminha
Não sentis os mortos? Mas a terra está silenciosa.

Luis Cernuda, in "Um rio, um amor" ariadne, 2003

imagem de Craig LaRotonda

Sem comentários: