DOCE E DIVERSA É A COTOVIA

Doce e diversa é a cotovia
que canta no portão não liquidado
e contudo quantos quantos
ferozes animais
quantos loucos animais
nos arbustos arvoredos educados
Hölderlin
em sua torre de pedra
ou em casa daquele carpinteiro amável
em Tübingen
ou então Rimbaud
com o seu «pesadelo e lógica»
sofisma de loucura
Mas temos ainda outros mais recentes
que também partiram fatalmente do princípio
de que uma ligação directa
existe realmente entre
a linguagem e a realidade
entre o verbo e o Verbo
o que se me perguntares
acho ridículo

Também eu bebi e vi
a aranha.


Lawrence Ferlinghetti, in "Como eu costumava dizer" dom quixote, 1972

1 comentário:

lebredoarrozal disse...

tu tens este livro? QUE INVEJA!!!
O FERLI É UM DOS MEUS POETAS.