Daniil Harms, morto aos trinta e sete anos numa prisão da Leninegrado cercada pelos nazis, pertence à última geração dos grandes vanguardistas russos que ainda ousaram exprimir-se com liberdade e ironia (embora por isso não pudessem publicar e tivessem sido reprimidos). Harms só foi publicado muito parcialmente na URSS vinte anos após a sua morte, em 1962. É um dos mais originais representantes das novas perspectivas literárias que influenciaram a Rússia e o mundo desde o final do século XIX até ao final do primeiro terço do século XX. Fundador da OBERIU, Associação de Arte Real, erigiu o absurdo e o humor negro em arte nas suas peças e histórias curtas. É considerado o representante russo — casual ou não — do movimento surrealista. Além das histórias de Harms propriamente ditas, este volume contém três anexos: o Anexo 1 é o Manifesto oberiuísta. O Anexo 2, que pode considerar-se prosa típica de Harms, consiste nos cinco autos de interrogatório (entre Janeiro de 1931 e Julho de 1932) em que Harms «confessa» ironicamente os seus crimes, sobretudo o carácter anti-soviético das suas poesias infantis. O Anexo 3 é a tradução possível de três dessas suas poesias infantis.
in, Daniil Harms "A velha e outras histórias" assírio & alvim, 2007
DITIRAMBO*
Meu maresperantotòtémico
minha màlanimatógrafurriel
minha noivadiagem serpente
meu èliòtrópolipo polar
meu fiambre de sol de roseira
minha musa amiantulipálida
meu lustrefrenado céu grande
minha afiàurora-manhã
minha fôgoécia de estátuas
minha lábioquimia cerrada
minha ponta na terra meu arsgrima
meu diamantermita acordado?
Mário Cesariny, in "Pena Capital" assírio & alvim, 2004
*poema dedicado a Daniil Harms
1 comentário:
Visitem http://eugeminiano.blogspot.com/2008/10/imagens-que-contam-historia-de-os-feios.html
fotos d'"os feios" baseado no livro do daniil.
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