Para alguns talvez faça pouco sentido constituir uma colecção da «poesia alentejana» de Al Berto. Trata-se, na aparência, de uma tarefa redundante e desnecessária, uma vez que a quase totalidade dos textos literários do autor de "O Medo" se situam no Alentejo — Sines, Vila Nova de Milfontes, São Torpes. Para outros talvez faça ainda menos sentido regionalizar a obra do «aprendiz de viajante», retalhando, pelo despotismo da geografia, um corpo poético eminentemente universal. Talvez. Ou talvez não. A Associação dos Municípios do Baixo Alentejo e do Alentejo Litoral, através do jornal Diário do Alentejo, a Assírio & Alvim, a Longitude Zero Associação e o Centro Cultural Emmerico Nunes sentiram necessidade de homenagear Al Berto, por ocasião dos dez anos da sua morte. Sentiram urgência em celebrar o poeta refixando as suas próprias palavras. Sentiram, afinal, precisão de regressar. De regressar ao mar, tornando ao sudoeste, ao mar de leva, seguindo os desertos e as cidades e anotando no jornal desta breve viagem algumas geografias assumidas por Al Berto. Ao Sul. No Alentejo.
in "degredo no sul" assírio & alvim, 2007
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