SONETO DE AMOR
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio, in "Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica" antígona/frenesi (1999)
pintura de Hans Bellmer
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2 comentários:
"não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce! "
acho que é o suficiente para este comentário... se bem que renunciar às palavras depois da evidência do que podem oferecer... (o silêncio?:))
um poema em silêncio.
tão bonito
não será afinal o silêncio a melhor forma de encontrar o amor...!?
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