"O poeta não tem outro remédio senão ser revolucionário ou não ser poeta, pois deve lançar-se a todo o movimento no desconhecido; o passo por ele dado ontem não o dispensa do passo a dar amanhã porque é preciso recomeçar tudo de novo todos os dias, e aquilo que ele adquiriu durante o sono desfez-se já em poeira ao acordar. Para ele não existe qualquer lugar como chefe de família, apenas o risco e a aventura indefinidamente renovados. Somente a este preço pode dizer-se poeta e pretender um lugar legítimo à ponta mais extrema do movimento cultural, aí onde não há louvores nem medalhas a receber, mas sim bater-se com todas as suas forças para derrubar as barreiras sempre renascentes do hábito e da rotina.
Hoje ele só pode ser maldito. Essa maldição que a sociedade actual lhe lança assinala a sua posição revolucionária; mas sairá do seu esconderijo forçado para se pôr à cabeça da sociedade logo que ela, sacudida de alto a baixo, haja reconhecido a origem humana comum à poesia e à ciência, e o poeta, com a colaboração activa e passiva de todos, criará os exaltantes e maravilhosos mitos que lançarão o mundo inteiro no assalto ao desconhecido."
Benjamim Péret in "a ovelha galante" & etc (1993)
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2 comentários:
um grande bem-haja à (mal)dita editora & etc.
Claro está...Péret numa das suas mais bem conseguidas alegorias.
Já agora uma nota que considero importante...digo eu.A &ETC foi e continua a ser uma das melhores editoras deste País.Publicou, quando outros "encadernavam papel a metro", obras notáveis.Deve ter dificuldades...como todos aqueles que não recebem subsídios do estado...mas tem ...ainda e sempre...uma legião própria de seguidores que nunca a deixará cair.Será suficiente para aguentar o barco?
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