O Pranto da Escavadora



Amar, conhecer
é o que conta, não ter amado,
ou ter conhecido. Angustia

Viver de um amor passado.
A alma já não cresce.
Neste calor encantado

Da noite profunda, aqui,
entre os meandros do rio e as visões
adormecidas da cidade constelada de luzes,

Onde ecoam ainda mil vidas,
o desamor, o mistério, e a miséria
dos sentidos tornam-me hostis

As formas do mundo que, até ontem,
eram a minha razão de existir.

(...).

Pier Paolo Pasolini in. "Poemas" assirio & alvim

1 comentário:

Anónimo disse...

Este mundo, que se nos expressa em sentires e devires, pode transformar amor em desamor, e, encanto em miséria!

Como nos sentimos bem em viver as nossas angústias no texto de quem as proclama!

Chorei ao ler este poema,... como se se trata-se de uma éterea sinfonia de Mahler.