A Esfinge

Ah, que não penso eu como quem pensa
que viver muito é atordoar-se bem!
Pus-me a um cantinho, e achei a vida imensa.
Pode um só passo andar bem mais que cem...

Fitei o Sol de cara e a noite densa,
mas só a mim fixei - que a mais ninguém.
Já não concebo angústia que me vença,
que até vencido vencerei também.

Cruzei os braços sobre o peito. E quedo,
passeio sobre a areia a arder parada
nem sei que olhar subtil, vazio, mudo.

Abrem-me... em vão! Sou oco e sem segredo.
Falar?!... Porque falar, se não sei nada?
Comtemplo, calo, fico... e entendo tudo.

José Régio(1901/1969) in. "Cântico Negro" edições Quasi

3 comentários:

Anónimo disse...

Estas gentes,...estas gentes são aparições, são uma parada de fantasmas que deambulam à boleia na autoestrada da mente, andam de polegar levantado à espera que um impulso electrico os carregue directamento ao centro nevrálgico do córtex cerebral. Aí, montam tendas, passam as noites de romaria onde o fogo impera, o pecado é rei, o vinho hidrata, a loucura é serva e tudo ao som de flauta pan e pandeireta recordando sureais imagens através do recital de sagrados manuscritos plenos de glórias e de saber...e nós, neuronautas, investigamos curiosos de onde jorra tão fresca fonte e lamentamos ainda estar a anos-luz dessa nascente.

JU disse...

Agora numa internet perto de si um novo site nasce. É ainda pequenito, mais vai crescer.
bei
ju
http://www.fenda.pt/

miguel. disse...

Obrigado Joana, é mais uma daquelas boas editoras que ainda não tinha um espaço online.

bei à ju...