Dicionário do Diabo

O Dicionário do Diabo é um clássico da literatura americana. O seu autor, Ambrose Bierce(1892/1914), amigo e rival de Mark Twain, tornou-se um dos mais famosos escritores e jornalistas depois da Guerra Civil. Esta obra foi primeiro publicada num jornal, entre 1881 e 1906. No seu estilo deliciosamente sarcástico, o autor assume o papel do Diabo para subverter o sentido que habitualmente atribuímos às palavras. Bierce inventou um dicionário politicamente incorrecto, capaz de provocar tudo e todos. O seu humor é hoje tão acutilante como há cem anos atráz. As ilustrações são do senhor Ralph Steadman, conhecido pelo trabalho feito com o outro senhor, Hunter S. Thompson.
Amor, n. Demência temporária que se cura com o casamento, ou afastando o paciente das influências que provocaram a enfermidade. Esta doença, tal como a cárie e outras, prevalece apenas entre as raças civilizadas que vivem em condições artificiais; as nações bárbaras que respiram ar puro e comem alimentos simples são imunes aos seus ataques. Chega a ser fatal, embora mais para o médico do que para o paciente.
Ignorante, n. Uma pessoa que desconhece certas coisas que nos são familiares, conhecendo outras coisas das quais nunca ouvimos falar.

Ambrose Bierce "Dicionário do Diabo" Tinta da China

1 comentário:

Anónimo disse...

Irei um pouco mais longe... permita-me actualizar à luz do choque tecnológico que ameaça tornar neste início de século XXI, o nosso país numa megapotência apenas equiparável ao reino da Mauritânia e arquipélago das ilhas selvagens da Madeira, os conceitos referenciados pelo meu mui estimado camarada:
Assim, por AMOR, entenda-se o resultado de todo um complexo desencadear de reacções quimicas e enzimáticas que em última análise não mais pretendem que a produção de dopamina. A dopamina é, portanto, "um neurotransmissor sintetizado por certas células nervosas que age em regiões do cérebro promovendo, entre outros efeitos, a sensação de prazer e a motivação." Existem drageias no mercado negro para promover o efeito. Será descabido utilizar o termo dopaminizado em vez de apaixonado??? os dados estão lançados para um interessantíssimo debate.
Relativamente à ignorância...bom aqui impera um relativismo que não é de menospresar...pois se uns se dedicam de corpo inteiro ao estudo de rizomas em espécies vegetais da parte mais setentrional das savanas congolesas e outros envolvem-se apaixonadamente à arte do zapping televisivo...esclareçam-me onde está o sábio e onde está o ignorante?
(Ao meditarem no assunto gostaria que tivessem em conta que o gajo que está instalado na sua poltrona pode muito bem ter acesso à National Geographic por cabo)
P.S. Ei, vai um café?