brevemente...

Um prolífico escritor vai a um extravagante congresso, para o qual recebeu convite, com alguma estranheza e uma certa inquietação. No mesmo encontro, participa, em lugar do pai recentemente falecido, Vilnius, um jovem criativo com um certo ar de Dylan, que tem como objectivo último da sua vida alcançar o mais total e absoluto fracasso, tema que preside ao invulgar congresso.
Mas fracassar absolutamente não é nada fácil. Que fazer? Nada? Ou pedir ajuda?
O escritor, por sua vez, deseja pôr um ponto final na sua já vasta obra e atingir o silêncio total e definitivo. Fascinado por Vilnius, segue-lhe o percurso e observa-lhe os estratagemas para chegar ao fracasso. É possível que, com a sua improvável união, rodeados e isolados por uma teia de personagens, consigam ter sucesso na busca do fracasso. Talvez o sucesso não seja o que em geral se pensa. Assim, fracasso e sucesso deixariam de ser antónimos, para se transformarem numa mesma coisa.
Como tão bem escreveu um crítico italiano, Vila-Matas «é um funâmbulo que caminha sobre uma linha que não existe».

Enrique Vila-Matas "Ar de Dylan" teodolito, 2012
trad. Miranda das Neves

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