brevemente, na quetzal...

Durante muitos anos, o grande poeta Von Humboldt Fleisher e Charlie Citrine, uma jovem inflamado pelo amor à literatura, foram os melhores amigos. No momento em que morreu, Humboldt era um falhado, tornara-se pobre e só; e Citrine, por seu turno, também não se encontrava numa fase muito auspiciosa da vida: deixara de progredir na carreira, debatia-se nas malhas de um divórcio litigioso, e vivia uma paixoneta por uma jovem mulher pouco recomendável, envolvida com um mafioso neurótico. De repente, é como se Humboldt agisse a partir do além para deixar Charlie um legado inesperado - legado esse que poderá mudar o rumo da sua vida.

Saul Below "O legado de Humboldt" quetzal, 2012


Aclamado como obra-prima aquando da sua publicação em Itália, "Às Cegas" é um romance de grande originalidade e intensidade poética. A sua forma inovadora - um caudal, uma torrente, um oceano de palavras que fluem livremente - serve na perfeição a narrativa de um louco sobre a sua viagem no tempo e no espaço, e que se polariza nas duas categorias antagónicas dos que fazem a revolução e dos seus perseguidores. Claudio Magris trabalha aqui também motivos recorrentes na sua obra: o das vidas afundadas – que é preciso “resgatar para a literatura”; ou o da figura de proa que, à imagem do Homem, tendo perdido o rumo, continua a desbravar os mares, às cegas, num ato único de esperança.
Uma miríade de lugares, situações, símbolos, coincidências e reflexos, que atravessam continentes e séculos - e um retrato da falência da ideologia e do indivíduo à deriva.

Claudio Magris "Às cegas" quetzal, 2012
trad. Sara Ludovico

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