A UMA CAVEIRA
Esta cabeça, quando viva, teve
na arquitectura destes ossos coesos
carne e cabelos, por que foram presos
os olhos que olhá-la ela deteve.
Aqui a rosa de uma boca esteve,
murcha com beijos frios, já não acesos;
aqui os olhos de esmeralda impressos,
a cor que tantas almas entreteve.
Aqui o raciocínio em que existia
o princípio de todo o movimento,
das potencias aqui toda a harmonia
Mortal beleza, papagaio ao vento!,
- onde tão alta presunção vivia
Desprezam sempre os vermes aposento?
Lope de Vega, in “Antologia poética” assírio & alvim, 2011
trad. José Bento
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