LIBERDADE
No limiar da tua porta
No soalho reluzente
Na caixa do teu piano
Escrevo o teu nome
No primeiro dos degraus
No segundo e nos outros
Na porta da tua casa
Escrevo o teu nome
Nas paredes do nosso quarto
No papel viperino
Na lareira de cinzas
Escrevo o teu nome
Na almofada nos lençóis
No colchão feito de lã
No travesseiro encardido
Escrevo o teu nome
No teu rosto que me estendes
Nas tuas narinas abertas
Em cada um dos seios agudos
Escrevo o teu nome
No teu ventre como um escudo
Nas tuas coxas afastadas
No teu mistério corrediço
Escrevo o teu nome
Vim na noite
Conspurcar tudo isso
Vim pelo teu nome
Para o escrever
Com esperma.
Boris Vian, in "Escritos pornográficos" guerra & paz, 2010
trad. Rita Sousa Lopes
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