Diálogo entre um penitente freirático e um confessor casmurro
A um fradalhão bojudo e rabugento
Seus crimes confessava um desgraçado,
E entre eles dizia ter pecado
Com uma santa freira num convento:
Grita o frade: «Não tardam num momento
Raios mil, que subvertam tal malvado;
Que as esposas de Cristo há profanado
No santo asilo seu, sacro aposento!
«Ora diga, infeliz, como ousaria
Tal crime confessar, e acções tão brutas
A Jesus Cristo, lá no extremo dia?...»
«Padre, deixemos pois essas disputas;
Se ele me perguntasse, eu lhe diria:
Quem vos manda, Senhor, casar com putas?»
António Lobo de Carvalho (o lobo da madragoa), in "se a lira pulsas e o pandeiro tocas..." & etc, 1984
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