ENTRE TU E EU SEMPRE SE OPÕE

Entre tu e eu sempre se opõe,
por muito que tentemos ignorá-lo,
o antigo costume que dispõe:
«todo o estranho ardor há que acalmá-lo».

Entre tu e eu senpre se impõe
a ordem: «Aquele, aniquilá-lo!»
Assim o nosso amor já pressupõe
a fogueira que virá para apagá-lo.

As inomináveis escalas da injúria,
acosso sem fim, morte e olvido,
prisões, fogueiras, isso é amar-te.

Mas o terrível não é a tediosa fúria
que em cinzas nos tem convertido,
o terrível é saber se poderei achar-te.


Reinaldo Arenas, in "Poesia cubana contemporânea" antígona, 2009
trad. Jorge Melícias

1 comentário:

aquelabruxa disse...

gosto muito dos poemas que seleccionas.