ACERCA DA OBRA DE BURROUGHS

A receita será esta: carne da mais pura,
sem qualquer molho simbólico;
visões reais & prisões reais
tal como os vemos uma vez por outra.

Prisões e visões apresentadas
com rarissímas descrições
que correspondam exactamente
às de Alcatraz e de Rose.

Um almoço nu é para nós o normal;
comemos sanduíches da realidade.
Ao passo que as alegorias não passam de folhas de alface.

Não escondamos sob elas a loucura.


Allen Ginsberg, in "Uivo e outros poemas" dom quixote, 1973
trad. José Palla e Carmo

2 comentários:

Anónimo disse...

W. Burroughs era um estranho.

Filho de família rica, desde cedo mostrou ser adepto do anormal e da contra-cultura.

Homoxexual casado e com filhos, foi a primeira pessoa a descrever e publicar os efeitos das drogas.

Apesar de cúmplice activo da "beat generation", fazendo com A. Ginsberg e com J. Keruack a triologia endeusada, não era igual a ninguém, nem seguiu nenhuma linha programática: era Burroughs (tout court).

Por isso foi tão apreciado e adorado por outros ícones das gerações dos finais do SÉC . XX - desde Bowie a Patty Smith, passando por Warol e os Blondie.

Era um tipo curioso.


Digo eu...


Saloio

fallorca disse...

Eu diria mesmo, um «estranho entre gralhas», edições foda-se! Keruack, Warol... Quero o há que no farol?
(VP: «puggante», substitua-se o 1º «g» por um «r» e temos comentário)