II. COISAS RARAS
Entre as coisas que são raras, acrescentaria um livro bem corrigido.
Um Homem que esquece o olhar dos outros homens.
Uma pinça de depilar que depila.
Persianas nas janelas que não deixem passa a luz do dia.
VII. DIFERENTES ESPÉCIES DE MULHERES
As mulheres que acham tudo admirável, fabuloso, fantástico são detestáveis.
As mulheres que acham tudo mesquinho, medíocre, estúpido, nulo, sem gosto são detestáveis.
XIV. COISAS QUE ENVERGONHAM
Entrar no quarto do marido, na ala ocidental do palácio, e vê-lo nu a quatro patas, na cama, rodeado dos seus pequenos lacaios, todos numa azáfama a aplicar-lhe pomadas, água fria, panos, unguentos — com o braseiro aceso em pleno verão — e o pequeno massagista a depilar-lhe o cu e o púbis à excepção do escroto.
XX. NOITES DE FOME
Então as noites sem pelo menos três orgasmos parecia-nos noites de fome.
XXXII. DESCOBERTA
Não gosto de fazer amor durante a primeira sesta.
CLVI. OS ORIFÍCIOS DO CORPO
Parece-me que os nove orifícios do meu corpo se abrem inutilmente. Devem sem dúvida ter começado a tomar consciência de que estão abertos para o vazio. Os meus nove orifícios começaram a dialogar com o silêncio da morte.
Pascal Quignard, in "As tábuas de buxo de Apronenia Avitia" cotovia, 1999
trad. Ernesto Sampaio
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