SE O HOMEM PUDESSE DIZER
Se o homem pudesse dizer o que ama,
se o homem pudesse levantar ao seu o seu amor
Como nuvem na luz;
Se, quais muros que se derrubam,
Para saudar a verdade erguida entre eles,
Pudesse derrubar o seu corpo, deixando só a verdade do seu amor,
A verdade de si mesmo.
Que não se chama glória, fortuna ou ambição,
Mas amor ou desejo,
Eu seria o que imaginava;
O que com sua língua, seus olhos, suas mãos
Proclama ante os homens a verdade ignorada,
A verdade do seu amor verdadeiro.
Liberdade não conheço senão a liberdade de estar preso a alguém
Cujo nome não posso ouvir sem calafrios;
Alguém por quem me esqueço desta existência mesquinha,
Por quem o dia e a noite são para mim o que ele queira,
E meu corpo e espirito flutuam em seu corpo e espirito
Como troncos perdidos que o mar afoga ou ergue
Livremente, com a liberdade do amor,
A única liberdade que me exalta,
A única liberdade por que morro.
Tu justificas minha existência:
Se não te conheço, não vivi jamais;
Se morro sem conhecer-te, não morro, porque não vivi nunca.
Luis Cernuda, in "Antologia da Poesia espanhola contemporanea" assírio & alvim, 1985
trad. José Bento
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6 comentários:
se morro [...] não morro, porque não vivi nunca.
...
há caminhos que na vida se cruzam. há conclusões que se tiram e se enunciam assim.
como te disse, realmente não é preciso ... mas ficava bem ...
:(
desculpa martinha, não foi por mal, desta vez foi mesmo por falta de tempo...
sabes que sim...
até porque ambos sabemos o quanto valem estas palavras escolhidas...
;)
tens mais sorte que juízo :D
sabemos pois ...
o que te livra é que daqui a uns tempos largos terás a sorte de acordar com a linda perspectiva dos meus dentes num copo com água ... é por estas e por outras que dizem que o amor é um gajo estranho :)
que maravilha... às vezes acho que é isto a poesia (pelo menos para mim): dizer algo universal, com o que alguém algures sempre se irá identificar.
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