UM VELHO
No café no lugar de dentro na zoeira turva
senta-se um velho na mesa se curva;
com um jornal diante dele, sem companhia.
E no desdém da velhice miserável
pensa como usou tão pouco o tempo deleitável
em que força, e eloquência, e beleza possuía.
Sabe que envelheceu muito; sente-o, é visível.
E contudo o tempo em que era novo ao mesmo nível
do de ontem. Que espaço apressado, que espaço apressado.
E considera como burlava dele a Prudência;
e como nela tinha confiança sempre – que demência! –
a perjura que dizia : «Amanhã. O tempo é demorado».
Lembra-se de impulsos a que punha freio; e sem medida
a alegria que sacrificava. Cada história perdida
agora troça da sua desmiolada sageza.
…Mas do muito que foi pensado e não esquece
o velho atordoou-se. E adormece
no café apoiado sobre a mesa.
Konstandinos Kavafis, in “Poemas e Prosas” relógio d’água, 1994
trad. Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis
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3 comentários:
miguel o seu blog é muito bonito ! bravo !
Evoé!
Esplêndidíssimo este blog...
Meus parabéns pelo bom gosto.
Vou linká-lo no meu espaço,
onde aguardo visitas tuas.
Abreijos textuais
A.D.
bom blogue do algarve:)
grande fonte de poesia.
abraço:)
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