UMA FOLHA DE ERVA
Pedes-me um poema.
Ofereço-te uma folha de erva.
Dizes que não chega.
Pedes-me um poema.
Eu digo que esta folha de erva basta.
Vestiu-se de orvalho.
É mais imediata
do que alguma imagem minha.
Dizes que não é um poema.
É uma simples folha de erva e a erva
não é suficientemente boa.
Ofereço-te uma folha de erva.
Estás indignada.
Dizes que é fácil oferecer uma folha de erva.
Que é absurdo.
Qualquer um pode oferecer uma folha de erva.
Pedes-me um poema.
E então escrevo uma tragédia acerca
de como uma folha de erva
se torna cada vez mais difícil de oferecer
e de como quanto mais envelheces
uma folha de erva
se torna mais difícil de aceitar.
Brian Patten, in "Qual é a minha ou a tua língua?" assírio & alvim, 2008
org. Jorge Sousa Braga
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2 comentários:
Mas que belíssimo e pedrado exemplar, com as folhinhas provocaroramente serrilhadas. Quem disse que quanto mais envelhece (matura) se torna mais difícil de aceitar? Tóinos...
hé hé… quem fala assim não é gago … se houver muitos Tóinos sempre sobra mais uma ou outra folha de erva… e como os "espaços verdes" são cada vez mais difíceis de encontrar até que calha bem…
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