Lisboa, 25 de Fevereiro de 1855
DE TARDE
Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas.
Cesário Verde, in "O Livro de Cesário Verde" assírio & alvim, 2004
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
há já algum tempinho que não lia Cesário Verde. descobri que tenho saudades:)
um abraço.
Enviar um comentário