LIBERDADE
 
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.


Sophia de Mello Breyner Andresen
 


OS DOIS IRMÃOS

Um foi prisioneiro na Alemanha
e há trinta anos olha fixamente o pão
como se tivesse a fome de outrora.
O outro fez a guerra em África
e a água no copo contempla-a
com a sede do deserto.
Hoje fechados em casa
não querem ver ninguém.
Dormem de costas voltadas
com o rosto afundado no travesseiro
da grande cama.
Às vezes saem de noite
por estradas largas e vazias
como a Lua e a Terra no céu
um atrás do outro
não se sabe para onde.

Tonino Guerra, in "histórias para uma noite de calmaria" assírio & alvim, 2002

imagem de Alain Corbel

Steven Cook [ barbelle ] 2002

A RUA É DAS CRIANÇAS

Ninguém sabe andar na rua como as crianças. Para ela é sempre um novidade, é uma constante festa transpor umbrais. Sair à rua é para elas muito mais do que sair à rua. Vão com o vento. Não vão a nenhum sítio determinado, não se defendem dos olhares das outras pessoas e nem sequer, em dias escuros, a tempestade se reduz, como para a gente crescida, a um obstáculo que se opõe ao guarda-chuva. Abrem-se à aragem. Não projectam sobre as pedras, sobre as árvores, sobre as outras pessoas que passam, cuidados que não têm. Vão com a mãe à loja, mas apesar disso vão sempre muito mais longe. E nem sequer sabem que são a alegria de quem as vê passar e desaparecer.

Ruy Belo, in "todos os poemas I" assírio & alvim, 2004

fotografia de Henri Cartier-Bresson

CENA DA VIDA DOS ANTÍLOPES

Em África há muitos antílopes. São animais encantadores e de corrida veloz.
Os habitantes de África são os homens pretos, mas há também homens brancos, que estão de passagem, vêm para fazer negócios e precisam da ajuda dos pretos. Mas os pretos gostam mais de dançar do que de construir estradas ou caminhos de ferro, que é trabalho duríssimo para eles e que muitas vezes lhes causa a morte.
Quando os brancos chegam, muitas vezes os pretos fogem. Os brancos lançam-lhes os laço e apanham-nos, e os pretos são obrigados a fazer o caminho de ferro ou a estrada. Os brancos chamam-lhes "trabalhadores voluntários".
Aqueles que não podem ser apanhados porque estão longe e o laço é curto, ou porque correm depressa, são atacados a tiro, e por isso é que às vezes uma bala perdida na montanha mata um pobre antílope que estava a dormir.
Então é a uma alegria para os brancos, e para os pretos também, porque normalmente os pretos estão muito mal alimentados, e toda a gente desce para a aldeia a gritar "Matámos um antílope" — e a tocar muita música.
Os homens pretos batem em tambores e ateiam grandes fogueiras, os homens brancos vêem-nos dançar e no dia seguinte escrevem aos amigos: "Houve um grande tantã, correu muito bem!".
Lá em cima, na montanha, os pais e companheiros do antílope olham uns para os outros em silêncio: sentem que aconteceu qualquer coisa...
... Põe-se o sol e cada um dos animais perguntam a si mesmo, sem se atrever a erguer a voz para não preocupar os outros: "Onde terá ido ele? Disse que voltava para jantar às nove!".
Um dos antílopes, imóvel em cima de um rochedo, contempla a aldeia, lá muito longe e muito em baixo, no vale, uma aldeiazinha tão pequena mas com muita luz e cantorias e gritos... uma fogueira de alegria.
Uma fogueira de alegria entre os homens; o antílope compreendeu. Sai do rochedo e vai ter com os outros: "Já não vale a pena esperar, podemos jantar sem ele...".
Então todos os outros antílopes vão para a mesa, mas ninguém tem fome.
Que triste refeição.

Jacques Prévert, in "histórias para meninos sem juízo" teorema, 1998

imagem de Elsa Henriquez

EPÍLOGO

Fui
hóspede desta mansão
na encruzilhada
dos meus sentidos.

O verso apenas é,
transversal e findo,
o poleiro evocativo
da ave do meu canto.

Essa ave em que o outono
se perfila
e, cada vez mais exígua
no rumo e nas vigílias
do seu bando,
de súbito, espirala
até sumir-se
num país imaginário.

Sebastião Alba, in "A noite dividida" assírio & alvim, 1996
André Kertész [ garfo ] 1928


Sou um homem pontual, nunca cheguei atrasado a um encontro. É o meu passatempo. E tinha um encontro marcado. Tinha um encontro marcado e estava com fome. Era um encontro muito importante. E o empregado de mesa nunca mais me servia, demorava. Eu estava cheio de pressa, apressadíssimo, e ele respondia-me indolentemente, sem querer perceber a inquietude que me roía. Não vi outra solução senão desancá-lo. Dir-me-á que foi desproporcionado. Mas faça a experiência: entre dois pratos levou dezassete minutos. Está a ver o que são, um após outro, dezassete minutos à espera enquanto vê os ponteiros do relógio a correr, a correr? E o encontro a ir à vida. A chatice foi que nesse momento ele nem sequer se defendeu. Não me dá nenhuma espécie de prazer lembrar-me disso.

Max Aub, in "crimes exemplares" antígona, 1982


Acontece deste modo: uma espécie de languidez;
o tique-taque incessante de um relógio nos ouvidos;
à distância, extingue-se o estrondo de um trovão.
Sinto, imprecisamente, os gemidos e as preces
de vozes irreconhecíveis, prisioneiras,
um círculo secreto estreita-se em redor;
mas, desse abismo de repiques e murmúrios,
ergue-se um som poderoso, triunfante.
E é tal o silêncio que o envolve
que se ouve como a erva cresce no interior do bosque,
como a desgraça percorre a terra com uma saca...
Agora, ouvem-se os primeiros balbucios das palavras
e das rimas leves os tímidos sinais —
e só então começo a compreender,
e as linhas simples, como que ditadas,
vêm deitar-se sobre a página branco neve.


Anna Akhmátova



Desses meus versos, escritos num tempo
em que eu nem sabia que era poeta,
brotando como a água das fontes,
como a labareda brota foguetes,

precipitando-se como se fossem diabretes
no santuário cheio de sonhos e de incenso,
desses meus versos de juventude, versos de morte
— desses meus versos que ninguém leu! —

perdidos na poeira das livrarias
(onde ninguém os pede, ninguém os pediu),
desses meus versos, como um vinho precioso, há-de chegar a vez.


Marina Tsvétaïeva

NOTA SOBRE A TRADUÇÃO

As traduções de poemas de Anna Akhmátova e Marina Tsvétaïeva que se apresentam neste livro foram feitas a pensar num espectáculo: a principal intenção, resguardando sempre a fidelidade ao espírito das duas autoras, foi que os textos funcionassem em português como poemas a serem lidos em voz alta para uma plateia de cerca de 150 pessoas. Por esse motivo se suprimiram, aliás, os títulos dos poemas (nos casos em que existiam), bem como outras indicações (epígrafes, datações e dedicatórias); e mantiveram-se nesta edição essas omissões, com excepção do poema-epígrafe deste livro («Música», de Anna Akhmátova), para tentar não «quebrar», tanto quanto possível, a sequência «musical» do espectáculo.
Assim, procurou-se, sobretudo, que os poemas lidos fossem claramente inteligíveis; e que pudessem ser «ditos» (e tanto Inês de Medeiros como Beatriz Batarda trouxeram importantes contribuições nesse sentido); mas que não deixassem de reflectir, por um lado, o verso majestoso, elegíaco, de Akhmátova, por outro, e com igual intensidade, a escrita nervosa, combustível, de Tsvétaïeva — a serena grandiosidade trágica da primeira e a desarmante vulnerabilidade melodramática da segunda.

António Mega Ferreira, in "e cantou como canta a tempestade" assírio & alvim, 2007

FEMME FATALE

Christa Päffgen ( aka Nico ) 1957



CHELSEA GIRL

estar no coração do tempo. para ser alcançados. para o antecipar. coração e alvo do tempo. nico. garrel. outro bater. pulso. têmpora que pulsa. flecha. estilhaço. casal. nomes. biografia. outros nome. próprios. impróprios. nomes de pessoa/as, coisas, factos. cidade. viagem. warhol. delon. lou reed. cale. velvet underground. factory. fellini. '68. la monte young. rolling stones. gerry malanga. brian jones. new york. papatakis. la nouvelle vague. dylan. morrissey. jean seberg. jo lusting. pierre clámenti. muski. tokyo. sanda. terling morrison. "la cicatrice intérieure". "berceuse de cristal". "****". "i, a man". superstars. sausalito. "femme fatale" "i'll be your mirror". paris. london. terry rilley. heroina. jackson brown. "voyage au jardin des morts" "le bleu des origines" "the falconer" "athanor" ari's song. "decerthore" "marble index". doors. filme. chelsea girl. garel. ogier; "das lied ter deutschen". frédéric pardo. christa. elektra. islanda. suecia. alsacia. maurice garrel. eno. "four stars". "this is the end". berlin. "aura" roma. ibiza. 1988. verve records. chelsea girls. moe tucker.
multidão de nomes. loucura dos nomes. cair duma bicicleta, o coração pára, os nomes desaparecem. multidão dos nomes. próprios. contudo agora impróprios. até os lugares. que todavia ficam. não lugar a. não mais os lugares.

in, "Philippe Garrel, uma alta solidão" cinemateca portuguesa, 2003

«O sujeito não pertence ao mundo,
mas é um limite do mundo.
Tu dizes que aqui é mesmo assim como
com o olho e o campo de visão.
Mas o olho na realidade não o vês.
E nada no campo de visão faz pensar
que ele seja visto por um olho.»

Ludwig Wittgenstein

FIDELIDADE

Porquê não se sabe ainda
mas ainda aos que amam o poeta porque ele lhes dá o livro do não trabalho
e diz cor-de-rosa diante de toda a gente
mas lhe lêem o livro só nas férias
(entre trabalho e trabalho)
e à noite vão a casas dizer cor-de-rosa em segredo a esses e ainda
aos que estudaram o problema tão a fundo
que saíram pelo outro lado
e armaram um quintal novo para as galinhas do poeta porem ovos
e disseram ao poeta estas são as nossas galinhas que tu nos deste
se elas não põem os ovos que amamos
matamos-te
e então o poeta vai e mata ele as galinhas
as suas belas galinhas de ovos de oiro
porque se transformaram em malinhas torpes
em tristes bichas operárias que cheiram a coelho

a esses e ainda
aos realmente explorados
aos realmente montes de trabalho
ou nem isso só rios
só folhas na árvore cheia do método árvore


Mário Cesariny, in “Pena Capital” assírio & alvim, 2004


LUKAS KANDL

L' ecrin pour la Femme

Extase

Rencontre avec l' animal chimérique

Agneau Mystique


SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DA PALAVRA AO PAÍS

Vieram ter comigo dos lados do mar. Eram três, eram três mil. Vi que era pão que procuravam ou que não era pão que procuravam. Pus-me a distribuir por eles as minhas palavras: árvore, pássaro, mar, criança, rapariga, mulher. A cada palavra minha eu ia-me esvaziando. Era a vida, a minha vida que se me ia. Eles ficavam incendiados. Nunca tinham pensado que se pudesse comunicar assim coisas próprias. Vieram mais, muitos mais dos lados do mar. Disse-lhes: morte, Deus. E caí redondo no chão. Naquele dia ficou instituído o Serviço de abastecimento da palavra ao país. Ainda vieram ter comigo, dizendo para eu arranjar outra designação, que aquelas iniciais não podiam ser. Mas eu já habitava plenamente a minha morte, meu planeta desde tenra idade.

Ruy Belo, in "Sião" frenesi, 1987

imagem de Selçuk Demirel
Hundertwasser [ lágrimas para Egon Schiele ] 1965

1 de Maio de 1912

Sonhei com Trieste, com o mar, com os grandes espaços abertos. Desejo, sinto um desejo torturante. Para me consular, pintei um barco de cores vivas, bojudo como os que balançam no Adriático. Com ele, no meu desejo e no meu sonho, pude fazer-me ao mar e ir à vela até às ilhas longínquas onde pássaros semelhantes a jóias esvoaçam livremente e cantam por entre árvores fabulolas. Oh! Mar!

Egon Schiele, in "diário da prisão" litoral edições, 1987
Jean Vigo [ Zéro de conduite ] 1933



Em «zero de conduite» existem dois mundos, caracterizados de forma distinta, representados por seres e atitudes típicas, que se regem por regras próprias e que se opõem e combatem. Há, pois, uma clara intenção de apresentar no microcosmos de um internato a divisão que, no macrocosmos da sociedade, opõe social, política e ideologicamente as classes. De um lado encontramos as crianças, a cozinheira, o empregado do café Huguet, que é o único adulto que se integra perfeita e activamente no mundo das crianças, relação que é sublinhada pela citação expressa, por imitação do próprio Huguet, da figura de Chaplin e, por consequência, do seu cinema. Todos os personagens que constituem esta «classe» são apresentados num estilo realista que realça as sua características «populares» e os identifica imediatamente com os seres que tipificam: nem bonitos nem feios, nem bons nem maus, nem heróis nem miseráveis, mas um pouco disso tudo; seres «normais», idênticos aos que se podem encontrar em todos os colégios ou vilas de província ou, se quisermos ir mais longe, em todo o vasto campo social dos oprimidos. Nas crianças, aliás, é essa caracterização realista que contribui decisivamente para a autenticidade que elas transportam ao longo e todo o filme e que impede e afasta de modo inequívoco qualquer idílica ilusão acerca de um mundo infantil pretensamente «cor-de-rosa», puro, bom, inocente e cândido. Do outro lado, os adultos, os professores, os vigilantes e outras entidades (padre, bombeiros, prefeito, etc), que representam o poder, a autoridade e a ideologia da classe dominante, são apresentados e caracterizados de uma forma acentuadamente estelizada em que desde as figuras físicas, a sua forma de andar e de falar, os seus tiques e gestos, até ao comportamento e às próprias roupas e palavras, todo o tratamento é intencionalmente não realista. Ao ponto de, na festa do colégio, VIGO misturar com os adultos simples bonecos vestidos a rigor. Essa forma estilisticamente diferente tratar os dois mundos não faz mais do que destacar com admirável ironia e aguda lucidez, na própria imagem, as características de cada um deles: a naturalidade, a frescura, a simplicidade, a alegria, a humanidade e os sentimentos profundos de liberdade e revolta, da amizade e solidariedade no «mundo popular»; a hipocrisia, a sordidez, a mesquinhez, a desumanidade, a injustiça autoritária e a autoridade injusta, a deformação mental e física, o ridículo do «mundo burguês».

Luís Filipe Rocha, in "Jean Vigo" afrontamento, 1981

«Enquanto me for possível empurrar as palavras contra a força do mundo, esse poder será tremendo, pois quem constrói prisões expressa-se sempre pior do que quem se bate pela liberdade.»

Stig Dagerman

imagem de Gustave Doré

TU E EU

Tu enches os meus pensamentos
Dia após dia;
Saúdo-te na solidão
Fora do mundo;
Tu tomaste posse
Da minha vida e da minha morte.

Como o sol ao nascer
A minha alma contempla-te
Com um único olhar.
És como o alto céu,
Eu sou como o mar infinito
Com a lua cheia no meio;
Estás sempre em paz,
Eu estou sempre inquieto,
Embora no horizonte distante
Nos encontremos sempre.


Rabindranath Tagore, in “poesia” assírio & alvim, 2004

imagem de Greg Spalenka

Giorgio de Chirico [ Guillaume Apollinaire ] 1914

[ Mastermind ] GONZALES



Crente é pouco sê-te DEUS
e para o nada que é tudo
inventa caminhos teus.

Agostinho da Silva, in "poemas de agostinho" ulmeiro, 1990

«Quem escorrega também cai»




ilustração de Miguel Rocha, in ""salazar, agora na hora da sua morte" parceria a. m. pereira, 2006

O meu coração desce,
Um balão apagado…
- melhor fora que ardesse,
Nas trevas, incendiado.

Na bruma fastidienta,
Como um caixão à cova
- porque antes não rebenta
De dor violenta e nova?!

Que apego ainda sustém?
Átomo miserando…
- se o esmagasse o trem
Dum comboio arquejando!...

O inane, vil despojo
Da alma egoísta e fraca!
Trouxesse-o o mar de rojo,
Levasse-o na ressaca.


Camilo Pessanha, in “clepsydra” assírio & alvim, 2003
imagem de João Abel Manta

coisas... que ficam no ouvido



peter bjorn and john

Pierre et Gilles



SINES 28/07/07



NEM SEMPRE

Nem sempre amamos
com palavras vorazes.

Beijei-te uma vez no mar
porque precisava de silêncio
e tu julgaste em outros beijos
de emudecer o mesmo gosto.

E quando na boca o tempo
murchou as flores,
morremos sem mostrar
contentamento.


Paulo Jorge Fidalgo, in "síntese poética da conjuntura" hiena, 1993

imagem de Lorenzo Mattotti

coisas...

[ algures em moscovo ] 1915

[ marcel duchamp ] 1917
Salvador Dali, 1983


«E enquanto o velho artista, em cima de um escadote, lutava pela expressão justa da cara à luz da lua que tinha nascido e guiava o seu escopro, a Mariazinha mostrava-me a sua vivenda, desde a cave até ao sótão, e contava-me, com voz baixa, como lhe tinha aparecido um anjo, como escutou o seu conselho e ficou amante de um escavador; com o último dinheiro que tinha comprou uma parcela na floresta, o escavador escavou as bases e dormia com ela numa tenda, depois trocou-o por um pedreiro que dormia com ela e a amava na tenda e construiu todas as paredes, depois Mariazinha arranjou um carpinteiro que lhe fez toda a obra de carpintaria, dormindo com ela já num quarto numa cama, depois também o deixou e arranjou canalizador que dormia com ela na mesma cama como o carpinteiro e lhe fez todas as canalizações, e que, uma vez a obra pronta, foi trocado por um operário que, amando-a sempre na mesma cama, cobriu a casa com telhas de fibrocimento . Esse foi trocado por um estucador que lhe arranjou todas as paredes e todos os tectos, podendo, em recompensa, dormir de noite na sua cama, sendo depois trocado por um marceneiro que lhe fez os móveis, e assim, ajudada pelo amor e uma vontade firme, a Mariazinha construiu esta vivenda e ainda por cima arranjou um artista que a ama com uma amor platónico e, continuado a obra de Deus, a esculpe sob a aparência de um anjo.»

Bohumil Hrabal, in "uma solidão demasiado ruidosa" afrontamento, 1992

Ó vós, sábios. Cuja ciência é elevada e profunda
Vós, que meditastes e que sabeis
onde, quando e como tudo se une?
Para que são todos esses amores, esses beijos?
Vós, sublimes sábios, dizei-mo!
Dizei-me o que me sucedeu.
Dizei-me onde, quando e como
me sucedeu semelhante coisa?

Gottfried Bürger

imagem de Selçuk Demirel

CADAVRE EXQUIS II [53]


Era um livro de brincar no sempre máximo que faria com que a mulher nunca se sonhasse como coisa concreta a ser sonhada.
É casado ou solteiro?" - perguntou a velha. E encostada a um canto, a caixa preta do violino. está multiplicada
Quando porém a linha entortava, quebrando-se em segmentos moles e irregulares, eu era presa de um sofrimento atroz, que só posso fazer equivaler a algo como o peso total da Terra em cima de mim.
E quando forem linhas, ainda que em nós persista a vontade de perceber,
alguém tem de estar lá.
Caramba, só vou bicar à volta da casa; há uma data de minhocas saborosas debaixo do alpendre, disse o filho Jim... E precipitámo-nos na noite.
Aquilo que estava dentro da caixa era a grande ideia de Imaduddin sobre o destino dos muçulmanos de língua malaia, o seu desejo de completar o processo de conversão que a Europa travara durante séculos e, por último, de hastear a bandeira do islão nesta fronteira do Extremo Oriente da fé. Numa ocasião, um desses clientes enganou-se na morada e chegou ao sexto andar ofegante, a transpirar, mas ainda conseguiu sorrir quando a catalã lhe abriu a porta. Fica situada numa depressão entre duas colinas, próxima de um brejo terreno, misturado de turfa, possui (segundo diz) todas as qualidades necessárias para embalsamar os cadáveres aí sepultados.
We continue our discussion with the 3x3 submatrix of the Clebsch-Gordon matrix (Table 2.1). Não há máculas na minha vida. In the room, nothing else moves.
É desses que eu gosto. Como ele contava, não tinha nenhuma ligação especial com a comunidade dos seus compatriotas de lá, mas também quase nenhum contacto social com as famílias locais, e preparava-se para levar definitivamente uma vida de solteiro. O próprio Hitler era a favor de um edificio monumental de grande volume projectado por Heinrich Wolff, director do departamento de construção do Reichsbank.
La terra lagrimosa diede vento, che balenò una luce vermiglia la qual mi vinse ciascun sentimento; e caddi come l'uom cui sonno piglia. A mulher estava com vontade de falar. Under the Taliban, widows cautiously negotiate the streets of Kabul, shrouded in the anonymity of the all-encompassing burqa; many beg, relying on the kindness of strangers to feed their children.
Achei-o muito simpático comigo e pensei que era um momento bem agradável. I wrapped up the old phone in the scarf that Grandma was never able to finish because of my privacy, and i put that in a grocery bag, and i put that in a box, and i put that in another box, and i put that under a bunch of stuff in my closet, like my jewelry workbench and albums of foreign currencies.
Rui, não hás-de compreender, por dúzias de anos que dures, que o fecho do soutien é para o outro lado que abre.
Um tão maciço desencanto em relação à estrutura de crenças subjacente à união soviética não podia ter ocorrido do dia para a noite, sugerindo que, como sistema, o totalitarismo fracassara bem antes dos anos 80. De facto, o princípio do fim do totalitarismo data já, do período que se seguiu à morte de Estaline, em 1953, quando o regime pôs termo ao uso indiscriminado do terror. Removing all cues, from the outside, the voices of the inner state become louder, clearer.
Os deuses não dançam (os mortais sabem-no bem), mas podemos falar uns com os outros. Mas em que língua? Quando compra uma tenda «três estações» mal se apercebe de que as estações referidas são apenas o princípio do Verão, o meio do Verão e o fim do Verão.
chaque jour elle nourrissait des envies de vengeance, écrasait des colonnes de fourmis, arrachait les ailes de mouches,assouvissait sa rage sur tout ce qui était aussi vulnérable, aussi méprisé qu'elle. Por isso, segundo a minha definição, é uma teoria morta porque só mantém monólogos consigo mesma. E, a seguir, identifica a origem (que lhe parece, aliás, pouco recomendável) destas considerações contra a razão técnica: Heidegger, sobre quem Poggeler, de resto, muito escreveu.
Bob, s. pêndulo, flutuador de linha de pesca; aceno, cortesia; corte curto de cabelo para criança ou mulher. (coloq. ingl.) xelim. v.t. e v.i bater de leve; balançar-se; cortar o cabelo curto; To bob up and down, saltar. É um bonito homem, nutrido, com um longo bigode macio, e vestido com esmero: os sapatos sempre engraxados, os colarinhos engomados pela mão da mulher, um espelho. E faz a barba dia sim ,dia não, vai ao barbeiro. Em primeiro lugar, a lagarta alimenta-se de solanina e daturina, dois alcalóides vegetais aparentados com a morfina mas de igual modo muito próximos dos venenos cadavéricos, como as ptomaínas e as leucomaínas. Entre outros aromas, estes venenos exalam o do jasmim, da rosa e do almíscar. Stillman especulava que ele pudesse ter viajado para o Oeste, vagueando por territorio selvagem, mas não foi encontrada nenhuma prova que apoiasse esta teoria.
This was also the case in medieval Western culture, and the church-modes used in Gregorian chant all have this same relationship to the tonic.


Resultado do segundo cadavre exquis no qual participaram 37 pessoas, lembro que no primeiro tinham participado 16. obrigado a todos os que participaram...