em forma de poema

dou os meus prantos às procelas
para que cessem em me deixem
dou os meus sonhos às estrelas
para que os meus sonhos não se queixem

fico só como o lobisomem
na estrada sem forma e sem fundo
meus sonhos no ar dormem dormem
à espera da manhã do mundo

vê tu se nesta alegoria
descobres porque estou inteiro
e nunca terei agonia
sem fartar meus sonhos primeiro


Mário Cesariny, in "manual de prestidigitação" assírio & alvim, 2005

3 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

logo agora que ando às voltas no dentista (eu não tenho medo de nada, note-se, a única coisa que me faz medo é o Dr. Christian Szell, quer dizer, Laurence Olivier, a tratar dos dentes do maior actor do mundo apesar de ser pequeno, o Hoffman, o Homem da Maratona)é que tu tinhas que ir desencantar esta foto do Cesariny de dentatura exposta.
e pelo tamanho do post já terás adivinhado o estado de nervos em que ando...
Olha, mudando de assunto, embora também seja indisgesto, já li o novo do Cormac da Relógio D'Água. Grande livro!

Anónimo disse...

é magnifico este poema.

miguel. disse...

:) eu até gosto dos dentistas... é o meu lado masoquista... adoro aqueles sabores estranhos, já não falando do barulho daquelas maquinetas...
quanto ao Cormac, ainda não tive o prazer de o adquirir, tenho andado a evitar acumular mais leituras, mas acabo de ler um excelente livro do Jaime Rocha "Anotação do mal", recomendo... e ando a ler os contos do Dino Buzzati, grande livro...