não tenho estado nada bem, um retrocesso,
uma maneira de vencer, de ter as mãos sem penas,
nenhuma imagem invulgar, apenas o bater
das pálpebras, elas agarram-se
viscosas ao sentido,
e nenhum ar oscila, outras vezes

é o silêncio das ruas, a água
sobre os seios, líquida,
o silêncio entre as bocas
e as roucas paredes; receio,
sem pavor, o simples
sofrimento.

tenho errado o que faço, a garatuja, os passos;
lembrando certas horas, uns lugares
depois outros,
o sopro de algumas casas, mas também
os poços de lepra,
as estradas costadas, as naus
inexistentes.


António Franco Alexandre, in "as moradas 1&2" assírio & alvim (1987)

imagem de Gérad Dubois

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