DANIEL BLAUFUKS



Tendo crescido em Lisboa, no quinto andar do mesmo prédio onde moravam os seus avós, Daniel Blaufuks viveu a infância imerso num universo de vestigios dessa experiência dos refugiados. Um mundo de alusões, fotografias, alguns objectos, comidas, costumes e memórias que não eram as suas, mas que acabariam por o atrair de e marcar de forma indelével. Utilizando algumas dessas reminiscências, bem como filmes da época e de família, excertos de memórias e textos de refugiados, relatos de família e materiais de arquivos europeus e americanos, Blaufuks oferece-nos um vívido documento com uma bela imagem sobre um momento significativo da história do século XX.
Na realidade trata-se de um fabuloso documento numa edição limitada e acompanhada por um DVD com um filme de 57 min.

«Quando passeio entre as campas do cemitério judaico em Lisboa, reconheço os nomes gravados na pedra, como se estivesse num cemitério de aldeia.
Uns pertenciam ao círculo mais próximo dos meus avós, ao grupo da canasta, outros iam, como nós, à sinagoga em dias de festa ou ao centro israelita aos sábados à tarde. Alguns nomes são anteriores a estes, avós, tios ou pais, que conseguiram também escapar. Das 50 mil a duzentas mil pessoas que passaram por Lisboa, apenas cinquenta aqui ficaram.»


Daniel Blaufuks [ sob céus estranhos, uma história de exílio ] tinta da china, 2007

Sem comentários: