...acordo para a trémula água das palavras
canto outro corpo...
serei aquilo que for possível ser na solidão da casa
onde as aranhas interromperam o trabalho das teias
e nunca mais voltaram...
...cada gesto agora petrificado
frente ao espelho descubro que sou o único a saber
quem és... lume e pó de cidade
tatuados no reflexo aquático do luminoso corpo...
...a sombra transparente dum veleiro fende a memória
tateio-me para corrigir a realidade... entro no espelho
líquido a líquido procuro as mãos e o nome
sabendo como é sempre extreminadora a madrugada...
...sou um feixe de poeira... perdi a consistência
reclino o corpo de tinta inacessível à dor
sorrio enfim ao desejo de querer morrer...
Al Berto, in "correspondência literária" contexto editora (1984)
imagem de Gèrard Dubois
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