A terra, embora não nos seja mãe,
é para sempre inolvidada,
no mar a água é doce, ternamente
gelada, a água não é salgada.
No fundo, a areia é mais branca que giz,
o ar embriaga mais que vinho quente,
o corpo cor-de-rosa dos pinheiros
é único na hora do poente.
O poente, esse, é tal que não vejo
nos salgados turbilhões etéreos
se é fim do dia ou do mundo, outra vez
dentro de mim mistério dos mistérios.
Anna Akhmátova
imagem de Greg Spalenka
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