Este bastão é um piano que viaja para dentro
e para baixo,
com saltos alegres.
Depois medita em ferrado repouso,
cravado com dez horizontes.
Avança. Arrasta-se debaixo de túneis,
mais adiante, debaixo de túneis de dor,
debaixo de vértebras que fogem naturalmente.
Outras vezes as suas trompas movem-se,
lentas ânsias amarelas de viver,
movem-se como eclipse,
e em si catam pesadelos de insectos,
já mortas para o trovão, arauto dos génesis.
Piano escuro, a quem espias com a tua surdez que me ouve, com a tua mudez que me ensurdece?
Oh, pulsar misterioso.

César Vallejo (1892/1937)

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