As noites, as pontes de comboio, a má estrela;
os seus temímeis companheiros não as conheciam;
mas nessa criança a mentira do retórico
queimava como uma fornalha: o frio fizera um poeta.
As bebidas que o seu amigo tíbio e lírico
lhe comprava, perturbavam-lhe os cinco sentidos,
terminando com todo o nonsense corriqueiro;
até se alhear dos pecados e da lira.
Os versos eram uma doença específica do ouvido:
a integridade era de menos; parecia
o inferno da infância: devia tentar de novo.
Agora, galopando pela África, ele sonhava
um novo eu, um filho, um engenheiro,
cuja verdade mentirosos aceitassem.
W. H. Auden (1907/1973) in. " O massacre dos inocentes, Uma antologia " assírio & alvim
Fotografia: Étienne Carjat, 1871
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