QUERO UMA VIDA EM FORMA DE ESPINHA

Quero uma vida em forma de espinha
num prato azul
Quero uma vida em forma de coisa
no fundo dum sítio sozinho
Quero uma vida em forma de areia nas minhas mãos
em forma de pão verde ou de cântara
em forma de sapata mole
em forma de tranglomanglo
de limpa-chaminés ou de lilás
de terra cheia de calhaus
de cabeleireiro selvagem ou de édredon louco
Quero uma vida em forma de ti
E tenho-a mas ainda não é bastante
Eu nunca estou contente.

Boris Vian (1920/1959)

2 comentários:

Anónimo disse...

Rezam as crónicas que este senhor terá construido o seu próprio violino e cujas cordas seriam "bigodes de gato". Ao vibrar as cordas do instrumento num andamento "swing", uma procissão felídea terá rumado ao seu encontro. realidade ou ficção? mas o que é que isso interessa?

Anos mais envolveu-se na restauração vendendo gato por lebre. O povo, em extâse, devorou aplaudiu e chorou por mais.

miguel. disse...

Realidade ou ficção? Não interessa, a realidade é que são estes pequenos mitos que fazem aumentar ainda mais o interesse por estes "herois" do absurdo...