CANÇÃO DA MANHÃ
como os estranhos pássaros nascidos em tua boca
como os rios que te correm entre os olhos
como as esmeraldas que formam as asas dos teus ombros
como os longos ramos da árvore do sono do teu braço
como o grande espaço em que o teu corpo repousa
deitada na tua própria mão
como a tua sombra idêntica à nuvem
que se encontra com o mar
assim é a presença que de ti tenho
nas noites em que o fogo se acende
nas montanhas longínquas e fulgurantes
quando os meus passos me projectam
para os mais elevados cumes solitários
quando o sangue canta
através o aço vibrante do meu corpo
levando-me ao longo do caminho de flores rubras
que tu plantaste
assim é o desejo de te encontrar
nascida nas minhas mãos
erguida como torre duma catedral perdida
envolta na minha boca
caminhando comigo
pela estrada que nossos pés abrirão triunfantes
Mário Henrique Leiria
imagem de Colette Calascione
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
assim é o desejo de te encontrar
nascida nas minhas mãos
...
envolta na minha boca
caminhando comigo
pela estrada que nossos pés abrirão triunfantes
... a premonição pelas palavras
Como retribuição à pela tua visita à minha "cozinha" vim conhecer o teu "café".
Muito bonito! Está repleto de boas conversas, boa gente e tem uma belíssima decoração :)
Tenho a certeza que os The Bad Plus gostariam de cá vir tocar a Silence is the question, se bem que o Chet e a Stella estão aqui mais adequados.
Gostei tanto que vou começar a cá vir tomar a bica. Espero que não te importes.
Boas
Encontro-me deambulando por entre palavras digitais, e, reparo neste ponto fulcral…”levando-me ao longo do caminho de flores rubras que tu plantaste”… a bela cegueira que o Homem deseja, deixa-nos guiados por caminhos já plantados. O destino para o abismo, mas que não olha para nós, pois estamos cegos, e, não caímos, pois quem plantou as “flores rubras”, não se esqueceu de nos pintar asas.
Nice coffee
Para bens Miguel por nos proporcionar este "pedaço" do Mário Henrique Leiria...muito simpático...
Cumprimentos
a única real tradição viva... são nossos estes poetas...
filhos da mais fina colheita...
Enviar um comentário