BRASILEIRA

O vento não varria as folhas
O vento não varria os frutos
O vento não varrias as flores...

E a minha vida não ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores de folhas...

O vento não varria as luzes
O vento não varria as músicas
O vento não varria os aromas

E a minha vida não ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos...

O vento não varria os sonhos
E não varria as amizades...
O vento não varrias as mulheres...

E a minha vida não ficava
Cada vez mais cheia
De afectos e de mulheres...

O vento não varria os meses
E não varria os teus sorrisos...
O vento não varria tudo!

E a minha vida não ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.


Mário Cesariny, in "nobilíssima visão" assírio & alvim (1991)

fotografia de Fernando Lemos

3 comentários:

Lilia disse...

Como queria que o vento levasse tudo de mim..
não queria sentir nada ..
Oh!Vento
leva tudo de mim..

Daniel Pelegrín disse...

Gostei do poema. E gostei imenso do blogue: hei-de cá voltar. Salud

Inês disse...

devia haver mais Cesarinys neste país... fazem falta.